domingo, 21 de julho de 2013

Capítulo Quatro

O celular de Jullian tocava no mais alto tom. Seu corpo estava parado olhando para o teto enquanto seu cérebro começava a funcionar de uma longa noite bem dormida. Ele esticou o braço para o lado da cama a fim de achar o seu celular e quando o encontrou logo foi apertando o botão de chamada. Do outro lado da linha se ouviam todos os barulhos possíveis de uma cidade grande. Desde os carros até as  pessoas correndo e gritando. Jullian então esfregou a cara e já ia desligar, quando uma voz tímida surgiu do outro lado da linha.
- Oi. É o Tashiro. - como ele disse em português, a mistura do sotaque japonês realmente deixou bem fofo.
- Ah, oi Tashiro. Como vai? - respondeu Jullian tentando se levantar da cama.
- Bem. Desculpa, acho que te acordei.
- Não, tudo bem. Aconteceu alguma coisa?
- Não. Eu queria saber se queria ir lá em casa hoje jogar alguma coisa.
- Eu poderia?
- Claro.
- Bom, acho que sim. - um caminhão passa e buzina, Jullian ri - Ai está realmente barulhento.
- Estou em frente ao Shibuya 109. Desculpa.
- Então, não seria melhor vir aqui? Está mais perto. - Yuko tinha dito com Jullian que qualquer um da família Kurosaki era bem vindo na casa dela.
- Bom. Acho que sim. Mas você não tem game.
- Ah, verdade, apenas o PSP que você me emprestou.
- Eu te dei.
- Emprestou.
- Não, é seu, de verdade. Eu te dei. - um silencio fica da linha - Tive uma ideia. Vou comprar um jogo novo e jogamos juntos.
- Eu não quero que gaste dinheiro com isto. Não mesmo. Obrigado.
- Eu tenho uma meta em casa. Meu pai deixa eu comprar até três jogos por mês, mais que isto estoura minha meta.
- Poxa.
- Até mais. - Tashiro desliga a ligação e Jullian olha para o celular.

- Fico feliz que o Tashiro esteja vindo para cá hoje. Eu realmente gosto muito dele. - disse Yuko pegando um café na cafeteira - Ele é um menino bastante energético para já estar no Shibuya as 10 da manhã.
- É... - respondeu Jullian dando uma golada em seu café.
- Tem algo de errado?
- Estou meio sem jeito. Ele disse que me deu o PSP e que vai comprar um jogo novo hoje. Isto me incomoda, ele estar gastando comigo. Eu disse que não queria que gastasse dinheiro, mas ele recusou.
- Bom, eu acho que ele esta fazendo isto de coração. Tashiro é um garoto que, ao mesmo tempo que tem seus amigos da banda, sabe que não pode confiar muito neles. Ao mesmo tempo, sabe que os melhores amigos dele são brasileiros que ele deixou para trás da época em que foi lá estudar o português. Creio que, para ele, esta sendo ótimo reencontrar um brasileiro e poder conversar com ele sabendo que tem os mesmos gostos. As vezes, os japoneses são muito difíceis. Eu tenho na cabeça que a maioria dos amigos do Tashiro só o tem como amigo por status. O pai dele é dono de uma das maiores empreiteiras do Japão. Te sendo sincera? Aceite os jogos. Se isto começar a te incomodar demais, eu converso com ele.
- Bom. Tudo bem então.
- Fique bem. - Yuko pisca e sai para tomar um banho.

Tashiro, um garoto sozinho. Jullian, um garoto que sempre teve muitos amigos. "Será que esta era a hora de mostrar ao Tashiro que ele poderia confiar em mim?" pensava. Seu café mau havia acabado e Yuko já estava perfumada na sala. Seu cabelo agora preso por um rabo de cavalo. A campainha então bateu. Yuko sorriu para Jullian e foi em direção da porta aos pulinhos. Ao abrir, Tashiro estava por de trás. Sorridente e com várias sacolas nas mãos, beijou Yuko no rosto e entrou. Jullian se levantou e lançou sua mão para cumprimentar o garoto, que o abraça. A cena para Yuko foi magnifica, só faltou o nariz dela sangrar de emoção. Jullian retribuiu o abraço e então Tashiro entrega uma sacola para Jullian.
- O que é isto? - perguntou Jullian olhando para ele.
- Estava na promoção hoje. Então liguei para o meu pai e perguntei se eu poderia te dar um de presente, já que nós gostamos muito de você. Ele não viu o porque de não dar, e disse que quer que você aproveite muito comigo aqui hoje. Por favor, abra.
- Bom... é pesado. - Jullian abra o pacote e logo após o pacote de presente e retira de dentro dele um PlayStation 3 novo. Yuko abre o olho e depois sorri tapando a boca com a mão. - Tashiro, você...
- Você gostou? - Jullian olha para o menino. Ele estava com um semblante tranquilo e um sorriso timido. Jullian não queria deixa-lo triste. Como o Senhor Kurosaki tinha deixado ele comprar, para Jullian estava tudo bem.
- Eu, eu adorei Tashiro. Obrigado. Eu realmente nem se o que dizer. - Jullian coloca o game no chão e abraça Tashiro, que fica vermelho - Eu sempre quis um deste.
- Eu quero que sempre que jogue, lembre de mim. - Tashiro sorri docemente e então vira para Yuko e entrega a outra sacola.
- Gente. Estou boba. Até eu ganhei presente?
- Sim, me desculpe por não ter te dado no Natal, mas é que minha mesada tinha acabado por conta do show da banda.
- Que isto lindo. Não precisava. - Yuko abre e retira um estojo de maquiagem Mary Kay e sorri divamente abraçando o estojo - Morta, cremada e jogada no mar, eu amo este estojo de maquiagem. Muito obrigada - Ela abraça Tashiro.
- Eu lembro que me disse uma vez. "Meus olhos ficam felizes quando veem Mary Kay".
- E é a mais pura verdade. Eu amei! Vou usa-lo agora mesmo. - Yuko sai cantarolando para o quarto e Tashiro se vira para Jullian.
- Vamos jogar?
- Claro. - responde Jullian, vendo Tashiro pegar o game. Tashiro realmente era alguém amável e Jullian estava feliz de se dar bem com ele.

Tashiro havia comprado alguns jogos junto com o console para jogarem e disse que iria emprestar mais para Jullian. Não demorou muito para que Yuko entrasse na sala totalmente maquiada e dançando, fazendo algumas poses para os garotos que riram e elogiaram a aparência dela. Na hora do almoço, Yuko pediu pizza para alegrar ainda mais o dia deles e como sobremesa retirou um pote de 5 quilos de sorvete do congelador para comerem na colher. Já estava ficando de tardinha quando Tashiro se levantou para ir embora. Yuko olhou para o relógio e não tinha notado como a hora tinha passado tão rápido. Então, ela deu ideia de Tashiro passar ali a noite. Depois de verificar com os pais que não tinha problema nenhum, o garoto aceitou o convite. Jullian estava adorando a companhia de Tashiro. Era realmente um garoto bacana, com os mesmo ideais e desejos de Jullian. Jullian iria fazer designe na faculdade, Tashiro faz programação de Games. Jullian gosta de sair para cinemas e locais calmos, Tashiro também não curte baladas. Yuko estava quase escrevendo um Yaoi na sua cabeça. Para ela aquilo tudo era amável. Já estava dando meia noite. Yuko cochilava sobre seu joelho e os dois garotos estavam a todo vapor no vídeo game. Ela então levanta e espreguiça.
- Meninos, eu vou dormir.
- Tudo bem Yuko. - disse Jullian.
- Tashiro, a cama de Jullian é de casal, pode se deitar por lá. Ele te empresta uma roupa.
- Que vai servir, dado que sou gordo. - disse Jullian rindo
- Para, nem é. - disse Tashiro sorrindo.
- Então fica assim, boa noite.
- Boa noite Yuko.- responde os dois juntos.
- Bom jogo. - Yuko sai e vai para seu quarto, fecha a porta e se encosta nela. Ri maleficamente e bate as mãos super alegre - Ai, que eu sou muito esperta.

- Seu pai realmente parece ser alguém muito legal. - disse Jullian para Tashiro.
- Sim, ele e minha mãe. As vezes sou meio rebelde, mas é que sinto falta de sair e de chamar amigos para ir la em casa.
- Eles não deixam?
- Sim, deixam. mas eu que não chamo mesmo. Eu tenho que gostar muito de alguém para chamar para ir na minha casa. - Jullian fica sem graça e sorri
- Que bom que eu pude conhecer este Tashiro bacana então.
- Claro. - Tashiro sorri e boceja - Eu estou bem cansado já.
- Quer ir deitar? Vamos salvar o game e deitar.
- Ótimo. - Eles desligam o console e vão para o quarto. Tashiro entra e Jullian pega no guarda-roupas uma roupa para Tashiro usar. O garoto entra no banheiro e logo sai com a roupa colocada que caiu super bem.
- Que bom que não ficou enorme. - os dois riem e então se deitam. Jullian apaga a luz e Tashiro vira para o lado de Jullian. - Este piercing, não doeu para colocar?
- Não. Nem um pouco.
- E não te incomoda?
- Em que sentido?
- Não sei, fica na sua boca. Não gruda comida?- eles riem.
- As vezes. Mas ai eu tiro, ninguém percebe. Isto é nojento de se falar.
- Eu não importo. - Jullian ri.
- Isto que eu mais gostei em você.
- Como?
- Isto.
- Isto o que?
- Você não liga para nada. É legal, divertido. Você me tratou super bem, mesmo eu distratando você no jantar.
- Eu não tinha motivos para te destratar.
- Jullian.
- Diga Tashiro.
- Eu estou gostando de você.
- Eu também gosto de você.
- Não, gostando mesmo.
- Sim.
- Você não entendeu. - Tashiro se apoia no cotovelo e fica cara-a-cara com Jullian.
- Tashiro...
- Eu, não consigo mais... Por favor. - Tashiro toca o rosto de Jullian e eles se beijam. Um beijo calmo, amoroso. Tashiro passa a mão em todo o rosto de Jullian e Jullian abraçava Tashiro pela cintura. Ficaram se beijando por cerca de cinco minutos, então, Tashiro parou e olhou os olhos de Jullian - Por favor, fique comigo.
- Mas porque eu? Você é tão lindo... - Tashiro para o que Jullian ia dizer com um beijo e então para e toca o rosto de Jullian novamente.
- Porque eu encontro em você, uma parte vazia que eu sinto em mim.
- Isto foi lindo.
- Quero que sinta o mesmo por mim..

Tashiro volta a beijar Jullian, sua mão passa pelo corpo de Jullian, assim como a de Jullian toca o corpo de Tashiro. Jullian passa a mão no cabelo de Tashiro e segura forte sua cabeça. Os seus beijos foram se intensificando, até que Tashiro desce para o pescoço de Jullian. Os seus leves gemidos são abafados por um dedo de Tashiro que entra em sua boca. Logo, Tashiro está sem sua camisa e Jullian passa sua mão no seu peito agora um pouco suado. Depois de um intenso beijo misturado com suas ofegantes respirações, eles iniciam uma noite romântica juntos.






sexta-feira, 19 de julho de 2013

Capítulo Três

Jullian estava parado encostado na porta olhando para a escuridão diante dos seus olhos. A janela tampada pela cortinha ainda doava um pouco de luz para o ambiente, no qual Jullian via a pessoa deitada olhando para ele. Em um novo impulso, Jullian tirou a chave da fechadura, saiu do quarto e trancou a porta. A pessoa tinha abrido a porta, a abriria de novo. Ele precisava de alguma coisa para se proteger. Olhou para a porta da dispensa e sabia que a única coisa que ele teria forte o suficiente para bater em alguém era um cabo de vassoura. Abriu a porta da dispensa e pegou a primeira vassoura que encontrou, saiu e se sentou no canto da sala. "Preciso ligar para a polícia", pensou. Mas o telefone ficava atrás da estantes de livros e seu celular estava no quarto ao lado do notebook. Que droga, ele estava encurralado. Jullian se moveu até a porta e ela estava trancada, mas porque alguém faria isto? Andou novamente para a sala e olhou pela janela. Não tinha ninguém que poderia gritar, era tarde e as pessoas estariam dormindo, porque Natal não é algo comemorado no Japão. Jullian se sentou e deixou o cabo de vassoura em seu colo. Ficou no canto da sala olhando fixadamente para o corredor. Seus olhos estavam pesados de sono, ele não sabia o que fazer. Já tinham passado trinta minutos, quarenta e, então, Jullian havia adormecido.

- Ei garoto, acorda. - Jullian ouvia a voz te chamar e abriu os olhos aos poucos. Começou a ver diante de você um japonesá jovem e de cabelos lisos. Jullian esfregou o olho e se espreguiçou. Acabou dormindo ali no canto da sala mesmo - Você está bem?
- Eu... - Jullian então se lembrou e, em um impulso, levantou e sacou o cabo de vassoura em direção do japonês - Que é você?
- Seu japonês não é ruim em? - perguntou o jovem
- Quem é você? Me responda, o que faz aqui? - o cabo de vassoura chegava cada vez mais perto do japonês.
- Ei ei, calminha ai... - o japonês saiu andando em direção da cozinha e abriu a geladeira.

Jullian agora o via nitidamente, seu cabelo molhado e preto com as pontas pintadas em um tom azul escuro brilhavam com a luz do sol que entrava naquela sala. Estava sem camisa, mostrando seu peitoral liso e delineado, que dizia claramente que o jovem japonês adorava uma academia. Usava uma calça azul jeans, entreaberta e sem o cinto. O Japonês abriu um sorriso congelante para Jullian e passou a mão no cabelo, Jullian engoliu seco meio timidamente e então voltou a ficar alerta, ao ver que o Japonês vinha para o seu lado. Na mão do Japonês, dois copos de suco de laranja balançavam com o movimento dócil do mesmo, ao oferecer um dos copos para Jullian.

- Beba.
- Eu... Eu não quero.
- Que idiotice, tome logo. E largue esta vassoura. Eu não sou nenhum ladrão. - Jullian colocou a vassoura encostada na parede e timidamente pegou o copo - E então, quem é você?
- Eu te perguntei primeiro.
- Ah, certo. Você não deve me conhecer mesmo. Bom, pode me chamar como quiser, afinal,  depois de eu dizer quem sou talvez você queira me estapear mais. - disse o japonês rindo
- Não brinque, deve ser algum tarado de fim de ano.
- Oi? - o japonês coloca o copo de suco entre as pernas e descansa os cotovelos em seus joelhos e abre um sorriso - Que criativo.
- Bom...
- Não precisa ficar com medo. não sou ninguém em especial. Alias, tenho até que ir embora, já são nove horas.
- Você não vai embora enquanto não me disser quem é.
- Ah, verdade. Isto. Bom, meu nome é Murakami Masato.
- Você... Você é o irmão da Yuko!
- É, este sou eu. - ele bebe um pouco do suco.
- O que está fazendo aqui?
- Eu sempre venho aqui quando sei que ela ficará fora por mais de 1 dia. - ele se levanta e vai até a janela - A vista deste lugar me trás umas boas recordações.
- Mas, aqui? Você e Yuko não se odeiam?
- Se fosse com ela, eu e ela não eramos brigados, não é?
- Eu não estou entendendo.
- Bom, acontece que a Yuko não te contou o porque de não conversarmos, e não será eu que vou te contar, então, senhor que não sei o nome, eu vou me retirar antes que a Yuko chegue. - Masato anda em direção aos corredores do quarto.
- Jullian... - Jullian começa e Masato para e o olha - Jullian Gardner, é meu nome.
- Olha... - Masato vai até ele e pega no queixo de Jullian - Vou te chamar de Juh.
- Você se acha intimo? - Jullian retira a mão de Masato de seu queixo e anda em direção da cozinha.
- Você vive em meu quarto, não acho mais que normal.
- É, mas quem cuida do seu quarto sou eu. Eu limpo, eu arrumo, eu lavo o seu banheiro. Então, Murakami-san, não me trate como se me conhecesse.
- Você tem o temperamento da Yuko. Por falar nisto, não diga a ela que eu estive aqui.Venho em segredo aqui a muito tempo e não gostaria que fosse revelado. - Masato sai da sala e entra no quarto. Jullian deixa o copo sobre a pia e vai atrás dele - O quer, quer me ver por a roupa agora?
- Não, eu só vim ver se não vai pegar nada.
- Oi? - Masato ri - Quem está morando de favor não sou eu. Aliás, eu tenho dinheiro para comprar tudo o que tem neste quarto pelo menos 50 vezes.
- Não é por valor, é só para proteger a Yuko.
- Ah garoto. Para proteger a Yuko e não deixa-la triste, é só não dizer que eu venho aqui. - Masato se levanta e abotoa a camisa - E eu não preciso pegar nada, o que me faz sentir bem não está aqui dentro deste apartamento. Eu te disse que tem a ver com a vista.
- E o que seria? - Masato se levanta e aproxima de Jullian, que engole seco e cora.
- Bom, Gardner-san, não me trate como se me conhecesse. - diz Masato, saindo por de trás de Jullian, que escuta a porta bater.

Yuko abre a porta do seu apartamento e sente algo estranho. Olha ao seu redor e respira fundo para sentir um cheiro de perfume que não é o habitual em sua residencia. Após colocar a bolsa sobre a bancada da cozinha, ela via até o quarto de Jullian. Mexe na fechadura mas ela esta trancada. Ela então anda para o seu quarto e coça os olhos. Então sente o cheiro diferente de perfume novamente. Ela cheira a mão e ve que ela esta com o cheiro do perfume. Ela volta para o quarto de Jullian e olha para a porta e da uma risada. "Safado", ela fala baixinho. E então se vira para ir ao seu quarto, quando a porta de Jullian abre. O garoto estava com olheiras fundas e uma cara amassada. Yuko fica estática ao olhar o garoto naquele estado e tenta olhar por cima do seu ombro.
- O que é Yuko? - perguntou o garoto
- Ahn? Ah! Nada. Eu só... Senti um perfume diferente aqui dentro de casa.
- Perfume? - Jullian respira fundo e sente o cheiro do perfume - Ah, isto. Eu peguei uma amostra grátis hoje de manhã no mercado e acabei quebrando o frasco.
- Ah, sério? - pergunta Yuko inconformada.
- Sim.
- Mercado? - ela olha o relógio e são meio dia.
- Mas porque acordou cedo, saiu e voltou a dormir?
- Oi?- Jullian olhou para ela e ela estava sem nenhum semblante no rosto - Eu tive dor de barriga, ai fui comprar um anti acido.
- Nossa. Ah, então vou me deitar mais um pouco. - ela se vira e Jullian se escora na porta. Ela para e olha novamente para o garoto - Mas... Eu não importaria se trouxesse alguém para cá. Tudo bem?
- O que esta dizendo?
- Alguém. - Yuko balança o corpo - Hum? Me entende?
- Yuko...
- Tá, tudo bem, eu parei. Boa tarde para você. - ela entra em seu quarto e Jullian fecha a porta.

Jullian tomava um café olhando para fora da janela do apartamento de Yuko. O que chamava a atenção de Masato ali? Para ele eram só prédios e carros andando por entre as ruas longas e movimentadas de Shinjuku. Ele lembrou do rosto de Masato se aproximando do seu e sorriu. Sorriu? O que estava fazendo?Jullian da uns tapinhas em seu rosto e se vira indo em direção à cozinha. Ele então vê os dois copos de suco ali sujos. Ele pega no copo de Masato e lembra dele oferecendo um copo de suco. "Jullian, você está maluco", imaginou enquanto abria a torneira para lavar os copos. Agora mesmo, o que Jullian menos queria era lembrar da cara do grosso Masato. Yuko saiu de seu quarto com um roupão roxo e sorriu para Jullian ao passar e ir para a geladeira. Jullian retribuiu sem graça por estar escondendo de Yuko o fato de Masato ter estado lá durante a noite. Ele pegou o PSP que Tashiro deu para ele em seu bolso e o ligou. Sentou no sofá e começou a jogar. Yuko olhada Jullian de longe, ele não parecia bem para ela. Depois de algumas goladas de água, ela se aproxima dele.
- Está sentindo falta da sua família?
- Um pouco.
- É por isto que está triste?
- Eu não estou triste.
- Olha Jullian, esta bem estranho sim. - ela senta ao lado dele e coloca a mão na testa de Jullian - Está realmente tudo bem?
- Claro que sim. 
- Você é tão energético...
- Só estou cansado. 
- Bom, vou acreditar. - Yuko anda até a janela e bebe mais um gole de água - Quer sair?
- Onde quer ir?
- Estava pensando em mais a noite ir no Asakusa Hana-Yashiki. Eu nunca tenho companhia para ir. Meus amigos preferem os parques mais caros. É bem longe daqui, mas era o parque que minha mãe me levava quando eu era mais nova e morávamos em Taitou.
- É claro que eu topo Yuko. Será um prazer. Além do mais, não conheço a região de Taitou ainda.
- É, Tóquio é bem grande amiguinho. Mas logo saberá onde achar tudo. Garanto. - Yuko sorri e sai da sala para tomar um banho, Jullian a segue com os olhos e depois olha para a janela que brilhava com o entardecer.

Asakusa Hana-Yashiki ou apenas Asakura é o parque mais antigo no Japão que perdura até os dias atuais. Ele fica em Taitou, um bairro mais simples de Tóquio. É famoso por ser rodeado de bancas de comida e bastante entretenimento noturno para jovens e crianças. A noite estava muito bonita e propícia para uma boa saída noturna. Yuko e Jullian desceram do táxi na estreita rua de entrada do parque. Yuko paga o táxi e sorridente, pega a mão de Jullian e corre em direção ao grande arco que informa a entrada do Asakusa. As cores brilhantes e encantadoras de todos os restaurantes e vendinhas que circulam o parque encantaram Jullian em uma magnitude incrível. Eles entraram no parque e Yuko parecia uma criança. Foi logo comprando ticket para a montanha russa e para a Bee Tower, uma torre com um monte de casinha pendurada que fica rodando a 30 metros de altura. Jullian estava se divertindo muito. Dentro da cabine, Jullian se encantou com a paisagem noturna vista do alto. Yuko então começou a chorar. Jullian a olhou e ela sorriu. Jullian não queria perguntar nada, sabia que aquele lugar mexa com Yuko, e estava feliz por estar com ela ali. Yuko saiu da Bee Tower louca para ir ao banheiro. Ela deixou Jullian em frente a um carrinho de algodão doce (comendo algodão doce) enquanto ia ao toalete, como ela disse. Jullian observava ao seu redor. Tudo aquilo para ele era um sonho que ele esperou por tanto tempo que não acreditava no que estava vivenciando. Ele então olha para a barraca de Ramen. Ele queria comer Ramen agora.

Você anda me seguindo...? - uma voz por de trás de Jullian o fez esfriar a espinha - Gardner-san?

Jullian estava estabilizado olhando para frente. A boca do jovem japonês chegou perto de sua orelha e novamente perguntou se ele o estava seguindo, depois soltou um sorriso sarcástico. Jullian se virou para ele ficando cara-a-cara. Como sua timidez sempre o atrapalhou com tudo, ele virou o rosto e sentiu o hálito de ramén ainda quente saindo da boca de Masato.
- Porque veio de tão longe para este parque? - perguntou Masato e Jullian mordeu um pedaço do Algodão doce.
- Este parque, também te trás alguma boa lembrança? - perguntou mastigando e olhando de lado o japonês.
- Nenhuma.
- Que coisa. Já estava quase achando que em cada pedaço do Japão você tinha uma lembrança.
- Larga de ser idiota. - Jullian olhou para ele o censurando.
- Olha quem fala. Acha que eu estou te seguindo para que em?
- Sei lá. - Masato se aproxima e toca o queixo de Jullian - Talvez você tenha me achado atraente, não? - o rosto de Jullian estava queimando e ele percebeu algumas japonesas comentarem "que desperdício" enquanto passavam.
- O que... O que esta fazendo? - perguntou Jullian retirando o rosto da mão quente de Masato.
- Você está sem jeito? Que lindo.
- Ei. Masato. - uma voz feminina surge de por de trás de Masato. Jullian olha por cima do ombro dele e ve uma linda japonesa bem vestida, com cabelos loiros e brilhantes parada. Masato se vira e a pega pela mão - Demorou tanto.
- O banheiro estava lotado. - eles se beijam, Jullian se sentiu idiota e abaixou a cabeça - Quem é ele?
- Alguém.
- Alguém? - Falou a japonesa e Jullian olhou de lado cabisbaixo, ele realmente se sentia humilhado - Bom, melhor irmos.
- Sim, vamos. - os dois saem mas Masato vira o rosto para Jullian - Até mais.

Jullian ficou parado, o algodão doce em sua mão estava abaixado e ele sentiu seus olhos se encherem de água. Logo estava chorando. Jullian se encostou em uma alegoria atrás do carrinho de algodão doce e continuou chorando. Como alguém pode te-lo tratado tão mau? Ele também foi idiota. É claro que Masato teria uma namorada. Mas, agora ele entendia. Entendia todo o ódio que Yuko sentia por ele. Este Masato era insignificante. Yuko vinha em calmos passos até que viu Jullian entristecido, então começou a correr. Parou diante do garoto e ele a abraçou chorando. Ela acariciou o cabelo de Jullian e ele chorou ainda mais.
- O que aconteceu?
- Yuko por favor eu preciso te contar uma coisa. - dizia chorando
- Ei. Ei. Calma. - Yuko falava português e tocou o rosto dele limpando as lágrimas.
- Yuko, eu... Eu...
- Esta sentindo falta de sua casa? - Jullian responde negativamente com a cabeça.
- Eu... Eu gosto de homens Yuko. - Yuko sorri docemente e o abraça.
- Não fique assim por isto, é algo normal.
- Mas o problema não é só este. Eu jamais conseguirei alguém aqui no japão que goste de mim. Eu sou gordo, não tenho o esteriótipo de que um japonês goste. Olhe para mim. Seria a última coisa que alguém iria querer.
- Do que está falando?
- É verdade. Eu...
- Ei. - Yuko olha para ele - Alguém japonês te disse isto?
- Não.
- Alguém aqui te disse isto agora?
- Não.
- Então não há motivos para pensar assim. - Jullian olhou para Yuko - E quanto a você ser Gay, olhe, eu já desconfiava desde quando te conheci pela internet. Aliás, ontem, quando senti o cheiro de perfume masculino em casa, achei que tinha levado algum afair para lá.
- Quem me dera. - ele ri e Yuko enxuga as lagrimas dele.
- Quero que me prometa que vai parar de pensar assim e viver sua vida normalmente no Japão. Amor chega com o tempo, primeiro, pense em você.
- Tudo bem, eu prometo. Desculpe estragar a noite.
- Ah querido. Por favor. Você não me conhece. A minha noite só estraga com uma morte. Você só me deu um motivo para eu comemorar mais com você. Agora vá no banheiro e lave o rosto. Vamos curtir. - Jullian abraça ela, entrega os algodões doce e sai, ela então pega o algodão doce e dá uma mordida - É porque você não percebeu Jullian, mas já tem um japonês meio a fim de você.




domingo, 14 de julho de 2013

Capítulo Dois

O taxi parou diante de um prédio de luxo nos arredores de Odaiba. Jullian saiu do taxi perplexo. O prédio totalmente de vidro na faixada era deslumbrante. Yuko estava muito bem arrumada com um vestido vermelho e salto alto. Sua bolsa era mais brilhante que os prédios que ali se encontravam. Jullian estava com uma roupa social simples, que trouxe consigo do Brasil. Yuko entrou no prédio e passou pela portaria sem se identificar enquanto Jullian era barrado pelos seguranças. Ela sorriu e fez sinal para eles que então, deixaram o garoto passar. O elevador tocava uma sinfonia de Bethoven e Yuko dava um retoque na maquiagem. Pararam no andar 28 e Yuko saiu na frente, parando em uma porta no fim de um longo corredor com 4 portas. Numero 283, porta luxuosa, vasos de flores. O que esperava Jullian neste jantar? A porta de abriu lentamente e por de trás apareceu um homem de terno. Ele não era japonês e Jullian não identificou sua nacionalidade até ele abrir a boca.

- Bien vinde senhorite Yuki. - disse o Frances enquanto ela entrava
- Obrigada Albert, alias, belo terno.
- Obrigade senhorite Yuki. Le patron esta na sala de jantar.
- Obrigada. - Jullian fez uma reverencia para Albert e entrou bem atrás de Yuko - Pode ficar tranquilo, são pessoas de bem.
- Mas eu estou tão simples.
- Olha, não fique assim. Você está muito bem.

Jullian se viu entrando com Yuko em uma grande sala de jantar. A mesa com quatro pessoas e duas cadeiras vazias estava repleta de comida da mais perfeita qualidade. Na mesa se encontrava dois jovens japoneses. Uma menina de cabelo preso, usando uma roupa simples que era composto por uma camisa com uma foto de uma cantora do Japão e um short curto. O garoto usava uma blusa social preta, tinha um piercing na boca e seu cabelo era cortado no estilo das bandas de visual Kei. No final da mesa estava um senhor japonês com um terno e bem aparentado e ao lado deste senhor uma mulher muito bonita, que não era japonesa, mas usava um kimono e o cabelo devidamente penteado. O senhor se levantou sorridente ao ver Yuko e a garota saiu correndo para abraça-la.
- Yuko, que bom que veio mesmo. - disse o senhor se levantando.
- Não precisa se levantar senhor Taeda. - ela olha para a garota sorrindo - Como esta Sakura?
- Estou ótima Yuko.
- Que bom que está aqui também Tashiro. - Yuko acena para o garoto e ele apenas sorri de lado. Yuko se dirige até a mesa e a mulher se levanta.
- Como está jovem Yuko? - era português, a mulher falou em português, Jullian sorriu e se sentiu mais confortável. Havia um brasileiro ali.
- Joven foi educado da sua parte Sra. Ana. - Yuko da um abraço nela. - Quero que conheçam Jullian, meu amigo que vai entrar na faculdade.
- Ahn... - Juliano não sabia se falava em português ou em Japonês. Taeda riu e Yuko riu colocando a mão na boca
- Tudo bem Jullian, somos todos brasileiros. - disse Taeda e Jullian abriu um grande sorriso.
- É, infelizmente... - disse Tashiro e Yuko sorriu.
- Eu queria que conhecessem meus segundos pais. Que me apoiam desde que eu chegue no Japão. - disse Yuko sorridente - Venha, sente-se.
- Sim, sente-se ali ao lado de Tashiro, quem sabe não se dão bem? - disse Ana.
- Eu não combino muito bem com Brasileiros. - disse Tashiro.
- Eu não disse que vão s dar e sim quem sabe, mas ninguem aguenta seu temperamento. Nem mesmo no Natal consegue ser diferente. - todos da mesa riem, menos Tashiro que solta um "tsc" e Jullian que abaixa a cabeça.
- Quantos anos tem Jullian? - perguntou Taeda
- Vinte e dois senhor.
- Novinho.
- É, tenho vinte e quatro e vocês ainda me chamam de Jovem. - disse Yuko e Taeda ri.
- Mas você não e velha Onii-chan. - disse Sakura comendo um biscoito
- Só de você me chamar de Onii-chan me sinto velha. - Sakura ri e abraça Yuko.
- Sabe Jullian, quando viemos ao Japão, passamos muita dificuldade. Meus dois meninos eram muito pequenos, eles não passara o que eu e Ana passamos. Por eu ser descendente casado com uma brasileira, eu sofri muita coisa. - Ana pega na mão do marido - Mas isto não me fez larga-la, o amor que eu sentia por ela era muito forte.
- Eu eu igual. - disse ela dando um beijo nele
- Mas logo fomos recompensados. E começamos a ganhar a vida. Quando Yuko veio para cá a quatro anos, recebemos ela com muito carinho. O pai tinha ficado no Brasil e o irmão já estava aqui, mas eles nunca se deram muito bem.
- Ao contrário de nós. - disse Sakura rindo
- Sim, ainda bem. Yuko sempre se deu bem com os dois. Mesmo Tashiro sendo irritante. - disse Ana servindo um pedaço de peru para Jullian
- Oka-san... - Tashiro reclamou
- Desculpa filho, é a verdade. Mas mesmo que Tashiro nos irrite, é um bom filho. Tira notas boas, não tem encrenca, tem a banda dele e só. Isto me admira muito.
- Isto é muito bom. - disse Jullian e tashiro fica sem graça e coloca a xicara de chá na boca.

A noite foi muito agradável. Depois do jantar todos foram para a sala e Tashiro tocou um pouco de violão. Depois, todos foram para a varanda e ficaram conversando, até o senhor Taeda ir deitar com a mulher, deixando os jovens por lá. Tashiro então saiu e depois voltou com um PSP Game e o deu para Jullian.

- Você gosta? - perguntou
- Eu amo. - disse ligando o game
- É o que eu faço no meu tempo vago...
- O dia todo é o seu tempo vago, você quer dizer né? - disse Sakura que estava deitada no colo de Yuko
- cCala a boca vai.
- Oh, é Resident Evil. Eu amo a franquia. - disse Jullian empolgado
- Jura? Eu também... amo muito. - disse Tashiro sem graça, que estão olhou para o céu. Yuko sorriu enquanto olhava eles e alisava o cabelo de Sakura.
- Nossa, senti falta do meu game agora, já que não pude trazer. - disse Jullian e Tashiro o olha.
- Pode ficar come este se quiser...
- Não, não. Que isto.
- Tashiro tem mais 2... - disse Sakura
- Mais dois? Porque?
- É que eu empresto para amigos que não tem condição de comprar um aqui no Japão. - Jullian olhou nos olhos de Tashiro. Aquele menino amargo na verdade era doce por dentro. Jullian deu um sorriso e viu o Japones ficar vermelho na sua frente depois que Jullian o agradeceu. - Então, eu escolhi o jogo certo.
- Bom, já está tarde, preciso ir. - disse Jullian
- Porque não dorme aqui Jullian? - perguntou Yuko.
- Eu adoraria, mas amanhã quero acordar cedo para arrumar meu quarto direito e desfazer a mala.
- Tem certeza? - perguntou Yuko.
- Se quiser pode ficar e dormir no meu quarto. - disse Tashiro e Yuko tossiu.
- Não, que isto, não quero incomodar.
- Bom... não seria incomodo.
- Não, de verdade. - Jullian se levanta - Teremos mais dias para conversarmos, por favor, me perdoem por isto.
- Que isto, não há o que perdoar. - disse Sakura sorrindo e Tashiro fazendo sinal positivo com a cabeça.
- Bom, obrigado, então. Amei a noite, realmente me senti como se estivesse com minha família.
- Ah, e me desculpa... qualquer coisa. - disse Tashiro.
- Não por isto. Bom, me levem na porta?

Jullian chegou em casa bem cansado. Fechou a porta e foi à geladeira beber um copo com água. Entrou no seu novo quarto e acendeu as luzes, fechou a porta e a trancou. Tomou um banho bem quente e secou o cabelo para então se deitar. Virando de lado na cama dava para ver a vista da cidade toda pela janela, e aquilo o fazia perceber que estava tendo sorte de ter encontrado alguém como Yuko. Ter amigos a quem confiar é muito bom. Jullian fechou a cortina e começou a pegar no sono quando então um barulho na porta da sala o fez pular da cama. Alguém tinha entrado e trancado. Jullian se vira na cama e olha para a porta. Porque Yuko voltou? Ele então vê que os passos pararam diante da sua porta e alguém mexia na maçaneta. Não era Yuko, ele não ouviu barulhos de salto. Então, algo enfia na maçaneta. Ele estava nervoso. A luz apagada e cortina fechada deixava o quarto na penumbra e ele então se cobriu até deixar os olhos a mostra. A porta se abriu e ele viu o vulto entrar no quarto. O vulto então veio em direção à cama e apalpou cuidadosamente até levantar a fronha e então se deitar ao lado de Jullian. Cheirava a Vodca. Jullian estava nervoso e a pessoa ao seu lado virou para de frente para ele. Estavam cara a cara. Jullian engoliu seco e o vulto então tirou a mão de por de baixo do forro e tocou o rosto de Jullian. "Quem é você?" foram as palavras suficientes para fazer Jullian gritar e pular da cama para bem longe dela.










Capítulo Um

Nosso corpo se trombou, o meu, descendo a grande escada do metrô, levando uma vasilha com alguns doces que eu tinha preparado, resistindo com várias camadas de roupa ao frio da estação de Shibuya em pleno inverno. Correndo e sem tempo, eu não enxergava ninguém à minha frente. O dele, saindo da estação enquanto passava a mão em seu liso cabelo, seu corpo magro e coberto pelo colete de couro marrom, a camisa de moletom azul e a camisa cinza por baixo estalaram junto ao meu. Sua bolsa de couro quase da mesma cor do seu colete bateu em meu corpo e causou uma dor pequena na altura do estomago.  Os doces voaram e fizeram parte daquele teto sem cor da estação misturado com as propagandas de cantores e produtos. Alguns gritos e risadas também estavam lá. E o que ele fez foi apenas dizer desculpa e sair. Saiu andando e me deixou lá. Os doces caindo um a um no chão e minha vasilha rachada com a queda. Maldito!

Eu sempre sou chamado para as festas na república da Yuko. Desde que cheguei ao Japão a 3 semanas atras, ela fez 5 festas. Isto porque disse que é quase Natal. Queria ver o que rola no aniversário dela. Yuko é muito simpática. Japonesa por descendência, adora se arrumar e encher a cara de maquiagem. Sempre muito bem arrumara e com o cabelo devidamente produzido em um salão qualquer de Tóquio. Ela não tinha nada a ver comigo. Sou Juliano Gardner, meio cheinho, bom, tenho um metro e setenta e cinco e peso noventa. Acho que dá para imaginar que não sou tão magro. Meus cabelo cortado meio skin e meu tênis meio gastado já comprovam que eu não sou muito de me arrumar. Mas eu estava tentando. A dois meses passei em um exame no Brasil para intercambio no Japão. Eu estudava Designer no meu país e sempre foi minha vontade estudar designe no Japão. Yuko também. Conheci ela em um fórum da internet. Ela disse que, quando eu fosse para o Japão, poderia contar com ela. E está sendo assim.

Está fazendo muito frio hoje e Yuko disse que iria preparar um pequeno jantar com Kare e arroz para todos nós. Eu fiquei de levar doces. Como eu não tenho uma situação monetária muito boa, a Yuko pediu para que eu fizesse de casa, mas agora estão aqui, todos destruídos na minha mão. Bom, eu me acostumei com os Japoneses. Ninguém me ajudou a colher nenhum dos doces. Mas também, o que um cara como eu estava fazendo em Shibuya com um monte de doces? Legal. Os doces já não prestavam mais, então, os joguei fora. Tinha que pensar em alguma coisa enquanto me dirigia para a casa de Yuko. E queria encontrar de novo aquele cara para dizer que ele pelo menos deveria me ajudar a ter colhido meus doces!

- Comprou os doces né Jullian. O que eu disse sobre compra-los? - Yuki pegou a vasilha e colocou sobre a mesa
- Como sabe que eu os comprei? 
- Por favor, as forminhas vem com o logotipo da loja. - disse ela pegando um dos doces e me mostrando.
- Olha, quanta distraçáo a minha.
- Ai, não posso mesmo contar com você. Eu deveria ter ido na sua casa. Quanto foi?
- Ah, não, não foi nada, eu tenho um dinheiro sobrando.
- Não, quanto foi? Pelo menos deixe eu te dar metade.
- Bom, foi... quinze mil ienes.
- Quinze mil? O que tem nesses bolinhos? - Yuko tira uma bolsinha com dinheiro de dentro da blusa
- Sério, não precisa. Quero pelo menos uma vez ajudar de verdade.
- E porque não fez os doces?
- Eu fiz. Até tirei fotos olha. - ele pega o celular e mostra fotos para a garota que o fitava desconfiada - Mas no meio do caminho, um cara trombou em mim e todos voaram pelos ares e quebrou, um por um... Até minha vasilha quebrou. 
- Sei.
- É verdade.
- E porque não me ligou?
- Você tem algum poder que faz bolinhos doces se regenerarem?
- Não.
- Por isto não te liguei.
- Bom, mas eu ajudaria a comprar novos.
- Não, não se importe. Olhe, vamos fazer como no brasil. - Jullian anda até os bolinhos - vamos tirar os bolinhos daqui e colocar em outro lugar e falar que nós fizemos. 
- Jullian.
- Oi.
- Está falando sério?
- Porque não? Uma vez fiz isto e até hoje minha família acha que eu fiz o doce de pessego.
- Você é hilário. - Yuko riu e se sentou no sofá de frente para ele - Sabe, acho que deveria se mudar para cá.
- Está me zuando?
- É sério. Olha, dois brasileiros morando juntos. Seria um show. Ainda mais, eu ando muito sozinha, não é a toa que faço este monte de festa.
- Mas aqui em Shinjuku... Olha, depois do metro mais cheio da minha vida eu não sei.
- Seria mais fácil ir para a faculdade. 
- Não sei.
- Ah, vamos. Tenho dois quartos vazios. As vezes até vejo gente dentro de casa andando.
- Ai credo. - os dois riem.
- É sério, queria alguém que me fizesse companhia, por favor. Quando eu chego da faculdade eu fico até triste aqui, o que me resta é comer e engordar.
- Tudo bem, mas eu ficaria no quarto do seu irmão? Porque o outro você não usa como dispensa?
- Ele não vem aqui, ele e eu somos brigados.
- Vai ser pior ainda quando ele ver que tem um estranho no quarto dele.
- Nada. Olha. Se ele vier aqui um dia nos 2 anos que você ficar aqui, eu prometo que te levo na França na minha formatura.
- Olha lá em.
- É sério. Já estou aqui a um ano e meio sem ele. Verdade. E já morou um menino no quarto dele por três meses. Ele ficou sabendo, mas não por mim e sim pela empregada. Ai ela foi proibida de limpar o quarto dele.
- E o menino vivia na poeira do momento. - Jullian se sentou ao lado dela no sofá.
- Nada, eu paguei a mais para ela limpar e a esperta, claro, não recusou. Mas parou depois de um tempo.
- Bom, mas se ele descobrir e ficar muito furioso...
- Jullian, é sim ou não pelo amor de Deus.
- Tá, tudo bem, eu aceito. - Yuko gritou e começou a pular no sofá.
- Seremos grandes amigos de quarto. Amanhã vamos na pensão e pegamos suas coisas.
- Tudo bem.
- FOFO! 

A noite na casa da Yuko foi super agradável. Jantaram na companhia de alguns amigos de Yuko que Jullian adorou conhecer e eles foram ver um filme no quarto de Yuko. Adormeceram um por um e por fim, Jullian adormeceu. Acordou pela manhã com o pé da Yuko na sua cara e foi até a cozinha preparar alguma coisa. Na parte da tarde, Yuko e Jullian saíram em direção à Shibuya, onde ficava a pensão. Jullian vive em um quarto único com um banheiro. Yuko entrou e se sentou na pequena cama que ficava abaixo da janela mau coberta por um lençol e sorriu.

- Aqui... Aqui é bem simples.
- Não se preocupe. Quero que viva bem comigo. Acho que sinto falta de um irmão... Acho que...
- Porque não pede desculpas para ele. - Yuko se levanta e puxa o lençol para entrar um pouco de luz
- Não é tão fácil.
- Porque?
- Pode pegar suas coisas logo? - disse ela rindo
- Desculpa, estou sendo incherido demais.
- Não é isto. É que... Não gosto de me lembrar.
- Tudo bem, desculpa.
- Um dia, eu te conto, prometo... Mas a vista daqui é linda.
- Que bipolar.
- É sério, não sabia que sua vista era tao linda.
- A única coisa linda aqui, né?
- É... Seu quarto não é lá um luxo, mas é fofo. Meu prédio também tem uma vista muito bonita, depois te mostro amigo.
- Okay Yuko, obrigado.

O quarto do irmão de Yuko não era pequeno como o quarto antigo de Jullian. Uma cama de casal no centro, um guarda-roupas embutido e uma suite com um grande chuveiro deixavam o quarto maior do que ele parecia ser. A escrivaninha com um computador empoeirado e uma estante de livro estavam ao lado de uma janela grande e coberta. Yuko entrou no quarto com braços cruzados e se virou para Jullian. Ela passou a mão no quarda roupa e deu um sorriso sem graça. Jullian colocou suas coisas sobre a cama macia e então olhou ao seu redor. Era realmente um quarto grande. Uma pena não ter ninguém nele.

- Olha, vou chamar alguém para limpa-lo amanhã.
- Não precisa Yuko, eu mesmo limpo. A propósito, guarde o computador dele na dispensa.
- Ah, não, pode usar. Este computador é meu, esqueci de pegar de volta com o ultimo menino que viveu aqui. É um presente para você, pronto.
- Eu não posso aceitar.
- Eu não estou te dando opção.
- Ai, que encrenca. Me da um quarto e depois um notebook.
- Eu não estou te dando o quarto, estou emprestando. 
- Okay... - Jullian fica sem graça
- Sua cara... - ela solta uma risada - foi ótima... Juro. eu estava brincando. É seu, enquanto eu viver aqui. Por falar nisto, pode usar o telefone quando quiser, fica atrás do livro azul escondido. Era uma tática do meu irmão para conversar de madrugada ou ouvir nossas conversas. É só apertar o zero e discar. Ligue para seus pais quando quiser também. 
- É, daqui a dois dias é o Natal.
- Sim. Por falar nisto, vamos a uma festa de Natal, um banquete na casa de uma família, então eu costumo dormir lá. Se não se sentir confortável, pode voltar e dormir aqui. 
- Tudo bem. 
- Eu gostaria de te apresentar para várias pessoas aqui no Japão. Isto vai te ajudar muito com sua carreira, garanto.
- Obrigado Yuko.
- Não há de que, agora, comprimento dos brasileiros.
- Eu não conheço isto.
- É, não existe. Achei que sairia alguma coisa. - disse a garota saindo do quarto enquanto Jullian ria.